Um vídeo postado no TikTok deu início a uma investigação que resultou na prisão, nesta quarta-feira, de dois agentes que eram lotados na 125ª DP (São Pedro da Aldeia). Na publicação, é denunciado um esquema de pagamento de propina a policiais civis para a devolução de uma motocicleta que havia sido furtada e recuperada. Na ação, chamada de Cinquecento, equipes da Corregedoria-Geral da Polícia Civil e do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ) cumprem ainda cinco mandados de busca e apreensão nos municípios do Rio de Janeiro, de São Pedro da Aldeia, de Armação de Búzios e de Saquarema, em endereços ligados aos presos.
“Você já teve seu veículo roubado no Rio de Janeiro? Meu amigo, Rio de Janeiro não é para amador. Poxa, moto roubada, passou dois, três dias, achamos a moto, recuperamos a moto. Levamos na delegacia a moto, que é o correto a fazer. Inclusive, o motor já estava com outra numeração, chassis com outra numeração. Só que tinha outras características na moto que a gente reconheceu”, diz o narrador, patrão da vítima, no vídeo.
E continua: “Chegando lá (na delegacia) o policial civil não quis registrar (a recuperação da moto). Falou que era pela internet”. De acordo com o narrador, o registro on-line não pode ser feito e o dono da moto voltou à delegacia e falou com um policial. “E, pasmem, pediu mil reais para liberar a moto!”, conta no vídeo. “É o segundo roubo, né?, diz, indignado”.
De acordo com o narrador, houve uma negociação e o valor caiu para R$ 500, pagos dentro da delegacia. Em seguida, o dono da moto e ele foram para a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DRFA) para levar a moto para ser periciada. Para a liberação do veículo, pagaram R$ 200. E, mais de 15 dias depois, voltaram à DRFA e foram cobrados mais R$ 200 para retirar a moto da situação de roubada. “Desisti. Moto de R$ 10 mil. Fui roubado pela quarta vez. A moto está guarda porque consta como furtada. Fala para mim se o Rio é para amadores ou não”, encerra o vídeo.
Dono da moto foi coagido na DP, revela investigação
O relato foi postado no dia 4 de maio deste ano. Assim que soube sobre o vídeo, a Corregedoria começou a investigar e concluiu que o fato realmente aconteceu e que tal exigência de pagamento da vantagem indevida se deu no interior da 125ª DP. De acordo com a Polícia Civil, após a publicação do vídeo, um dos policiais teria intimado a vítima a ir à delegacia, alegando que ela precisava assinar a entrega de documentação.
Mas, quando chegou ao local, a vítima teria sido coagida a prestar um depoimento alegando que não havia sido feito o pagamento da propina para os policiais. A coação, de acordo com a investigação, serviu como confirmação para os crimes praticados pelos policiais, tendo em vista que eles não haviam sido citados pela pessoa que postou o vídeo.
Os policiais civis foram indiciados pela Polícia Civil e denunciados pelo MPRJ por falsidade ideológica e corrupção passiva. Os dois agentes tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça.