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Miliciano Jerominho homenageou novo secretário de Segurança do Rio com Medalha Pedro Ernesto

O novo secretário de Segurança do Rio, Victor César Carvalho dos Santos, foi homenageado pelo fundador da maior milícia do Rio. Em 17 março de 2004, o então vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, requereu a concessão da Medalha Pedro Ernesto, maior honraria da Câmara de Vereadores do Rio, a Santos. Nove dias depois, a homenagem foi aprovada em plenário. Jerominho, executado a tiros em agosto de 2022, é apontado pela polícia como fundador do grupo paramilitar criado na Zona Oeste do Rio que ficou conhecido como Liga da Justiça. Procurado, o governo do Rio afirma que, “embora o ato da condecoração tenha sido publicado, Victor dos Santos não foi receber a homenagem”.

Segundo a nota enviada pelo governo, “o secretário destaca ainda que foi o responsável, em 2008, pela prisão de Carminha Jerominho — filha do autor da homenagem — durante a operação Voto Livre, de repressão a crimes eleitorais no Rio”.

À época, ao justificar para seus colegas de Câmara a homenagem, Jerominho argumentou que Santos — que é delegado da Polícia Federal — merecia a medalha “pela dedicação e competência nas funções exercidas”. Segundo Jerominho, a vida profissional de Santos “está baseada em cursos, palestras e condecorações”.

O então vereador anexou ao requerimento para a homenagem o currículo de Santos na PF, que destacava ações como a “desarticulação de quadrilhas de traficantes e prisão de seus componentes, tais como Marco Antônio da Silva Tarares, o ‘Marquinho Niterói’, Sandro Mendonça do Nascimento, o ‘Sandrinho Beira-Mar’ (gerente geral de cocaína de Luiz Fernando da Costa) e Júlio César Cordeiro Gomes, responsáveis por quase 60% do entorpecente e armamento distribuído as favelas e morros do Rio de Janeiro”.

Jerominho foi vereador do Rio de Janeiro, pelo MDB (então PMDB), por dois mandatos, entre 2000 e 2008. Em 2004, foi eleito com 33.373 votos, e em 2000, com 20.560. Contudo, um ano antes de terminar seu segundo mandato, ele foi preso acusado de chefiar a Liga da Justiça e permaneceu em penitenciárias federais por 11 anos. Em 2018, foi solto após cumprir sua pena.

Em agosto de 2022, Jerominho foi executado a tiros por homens encapuzados em frente ao centro social que mantinha na Estrada Guandu do Sapé, em Campo Grande. Em setembro passado, o Ministério Público do Rio denunciou Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, atual chefe da milícia fundada por Jerominho, e mais cinco comparsas pelo homicídio. Segundo a Promotoria, o crime foi motivado pela descoberta, por parte de Zinho, de um plano para que Jerominho e seu irmão Natalino José Guimarães retomassem a liderança da organização criminosa.

“Após perder sua liderança sobre as atividades da milícia que ajudou a criar, em razão do longo período em que esteve preso (entre os anos de 2007 e 2018), Jerominho, ao ter a liberdade restabelecida, traçou um plano para retomar o controle da organização criminosa da qual fora líder, juntamente com seu irmão Natalino José Guimarães”, diz trecho da denúncia.

A maior milícia do Rio foi criada na virada dos anos 2000 por policiais que moravam em Campo Grande e batizada como Liga da Justiça. Na época, os irmãos Jerominho e Natalino, inspetores da Polícia Civil e lideranças comunitárias locais, juntaram outros policiais que viviam na região — como o então PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman — e passaram a controlar o transporte alternativo e cobrar taxas da população a pretexto de enfrentar traficantes e ladrões.

Entre 2007 e 2008, com a mudança de rota no enfrentamento aos grupos paramilitares gerada pela CPI das Milícias, da Assembleia Legislativa do Rio, a dupla acabou presa — e o comando do grupo passou para as mãos de uma série de PMs, que se sucederam na chefia.

Entre 2008 e 2014, comandaram o grupo os policiais militares — que acabaram expulsos da corporação — Ricardo da Cruz, Toni Ângelo Souza de Aguiar e Marcos José de Lima Gomes, o Gão, um após o outro. O perfil da organização criminosa mudaria a partir da prisão de Gão, em 2014. Com todos os policiais do topo da hierarquia na cadeia, não havia substituto natural. Abriu-se, assim, uma guerra pelo controle do bando.

Um dos postulantes à chefia era Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, o irmão de Ecko. Ele era um ex-traficante que agia na comunidade cujo nome virou seu apelido, em Santa Cruz. Quando a milícia começou a expandir seus domínios pela Zona Oeste, traficantes de favelas, alvo da cobiça dos paramilitares, eram seduzidos e trocavam de lado. Foi assim que Carlinhos e seu irmãos Wellington Braga, o Ecko, e Luís Antônio Braga, o Zinho, entraram para a quadrilha.

Atualmente, a milícia, que se expandiu pela Baixada Fluminense ao longo da última década, vive um momento de guerra interna. Desde a morte de Ecko, então chefe do grupo, em 2021, diferentes postulantes disputam sua sucessão.