Em uma das piores crises econômicas e sociais de sua História, a Argentina vai às urnas neste domingo (22) diante de três projetos totalmente diferentes para tentar salvar o país. E, embora pesquisas apontem a dianteira do candidato de extrema-direita Javier Milei, especialistas, observadores e até a população preferem evitar cravar um resultado: se o “outsider anarcocapitalista” leva no primeiro turno ou se será necessária uma segunda votação em 19 de novembro — e quem seguirá na disputa.
Milei surfa em frases polêmicas, em falas que nem sempre retratam a realidade, e ganha força no desespero do povo que teme uma crise ainda pior do que a de 2001 — quando foram confiscados depósitos bancários, decretado o calote da dívida pública e a taxa de pobreza superou 50% — hoje está em 41%. Seus eleitores querem partir para o tudo ou nada. Mas muitos admitem que Milei assusta, e que o futuro da Argentina, que está em jogo como nunca antes desde a volta da democracia, em 1983, é incerto. E aí reside a força do peronista Sergio Massa, ministro da Economia do governo de Alberto Fernandéz, e Patricia Bullrich, representante da direita tradicional que não logrou sucesso na gestão de Mauricio Macri.
Argentina vota para presidente neste domingo
Eleições acontecem em meio a cenário de incertezas causadas pela crise econômica
— Massa e Bullrich representam o que resta das duas grandes forças eleitorais que dominaram a Argentina até Milei — afirma Juan Negri, da Universidade Di Tella.
Massa não escondeu sua tentativa de associar Milei ao caos e ao medo, explorando o risco de cortes de programas sociais e de subsídios em preços de produtos e serviços básicos. Bullrich , apresentou-se como a única alternativa “segura” ao peronismo, uma maneria de corrigir as graves deficiências econômicas “com os pés no chão”.