Estratégia adotada para reduzir a letalidade policial no Estado do Rio, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), as câmeras operacionais portáteis (COPs), acopladas aos uniformes de policiais, não estão cumprindo como deveriam sua função. Documentos aos quais o EXTRA teve acesso mostram que as chamadas bodycams (câmeras corporais) instaladas nem sempre estão de “olhos abertos”. Algumas baterias descarregam com poucas horas de uso, e outras sequer conseguem ser recarregadas e levadas para incursões. Foram verificadas ainda dificuldades para conectar aparelhos à internet, além de simples “obstáculos”, como problemas nos suportes para prender os equipamentos às fardas e até para identificar o agente que vai utilizá-los.
Relatórios detalham pelo menos 39 ocorrências, entre 14 de agosto e 15 de outubro, em 16 unidades da Polícia Militar: nove batalhões da Região Metropolitana (Alcântara, Campo Grande, Copacabana, Irajá, Jacarepaguá, Maré, Recreio, Tijuca e o Batalhão de Polícia Turística), outros cinco de cidades do interior (Angra dos Reis, Cabo Frio, Campos, Macaé e Nova Friburgo), além de duas unidades da Polícia Ambiental.
Obrigações não cumpridas
O próprio governo do estado demonstrou insatisfação com as câmeras que comprou, e instaurou, em 25 de setembro, um processo administrativo. Alega que a empresa L8 Group S/A “deixou de cumprir com as obrigações”. Dependendo do que for apurado, a fornecedora pode ser punida, sendo impedida de firmar contratos públicos por cinco anos. Em nota, a L8 afirmou que tratativas “são decorrentes de situações naturais em contratos de grande porte”, e que todas estão sendo feitas “dentro do âmbito cabível”.
Pelo levantamento, mais de um terço dos problemas detectados (15 casos) foi com baterias. Há situações de agentes que não puderam usar os equipamentos “por falta de câmeras com carga”, como ocorreu em 14 de agosto no 25° BPM (Cabo Frio).